Imagino que isso não seja apenas no contexto de TI, mas é o contexto que vou comentar porque é o contexto que estou inserida. Mais do que nunca, precisamos de pessoas que resolvem problemas de forma consistente e sustentável, que tenham senso crítico (auto senso crítico tbm rs), nunca parem de buscar conhecimento, tenham excelentes habilidades técnicas, mas também de comunicação e negociação. Isso independente da função, se aplica para todas.
Como também estou liderando um time de Software Engineering agora, vou explorar um pouco as minhas experiências na busca por desenvolvedores. Nessa função, o mercado ainda tem mais demanda do que profissionais, mas é possível que isso mude muito em breve.
Na perspectiva do perfil desejado...
Primeiro requisito: esqueça esse negócio de só trabalho com a stack X ou Y. Lógico que você sempre terá uma tecnologia que domina mais profundamente, mas é imprescindível que tenha uma boa fundação que permita que você amplie seu leque além de sua especialidade, principalmente para aqueles que trabalham em consultorias e atendem vários clientes. Se você conhece bem os conceitos, hoje em dia é extremamente simples, é só perguntar pro chatGPT como fazer a mesma coisa utilizando outra linguagem. Todo dia tem coisa nova aparecendo e a busca por conhecimento não para nunca.
Segundo requisito: back to the basics. Já falei que precisamos de pessoas que resolvam problemas, então não adianta você ser o ninja da sintaxe daquela linguagem e conhecer todas as bibliotecas, se você não tem lógica e não sabe resolver problemas com esse arsenal todo. Antes de ser desenvolvedor X, você é uma programador, e resolve problemas da vida real através do computador, independente de tecnologia.
Terceiro requisito: parabéns, se você já atendeu aos dois primeiros requisitos, já existe um espaço bem bacana para você. Agora, se você quer se destacar e crescer rapidamente na carreira, esqueça aquele estereótipo de desenvolvedor genial que só trabalha de fone de ouvido de madrugada. Você precisa saber trabalhar em time, liderar, se comunicar, ser propositivo e entender as dores do negócio.
Fácil? Não, mas você também não precisa ser um gênio para atender com louvor esses três requisitos. Utilize os seus pontos de destaque a seu favor e busque desenvolver o resto.
Agora, na perspectiva dos desafios das empresas para encontrarem pessoas com este perfil...
Como ja comentei, ainda temos mais demandas que bons profissionais, então o processo de contratação e a busca por um bom profissional é algo complexo porque precisamos validar se as pessoas atendem o que buscamos e ao mesmo tempo tomar cuidado para não desgastá-las ao longo do processo.
- Manter um processo enxuto, baixo lead time, candidatos engajados e ainda ser assertivo na contratação, não é fácil.
- O desafio começa em abordar as pessoas boas e conseguir colocá-las para dentro do processo, sendo atrativo em termos de marca, benefícios e salário.
- Encontrar etrevistadores que sejam excelentes técnicos e ainda saibam entrevistar, também é um desafio. Esses profissionais são poucos e estão bem atarefados, por isso não podemos ocupá-os com candidados que não valem a pena. Aí que uma triagem técnica é importante.
- Para realizar essa triagem técnica, temos diversas ferramentas, como o HackerRank, Codility, DevSkiller e também podemos ter desafios personalizados onde solicitamos que o candidado elabore um projetinho. Etapa necessária, mas desafiadora, porque temos que lidar com o vazamento das questões, então sempre temos que estar elaborando novas, tentativas de plágio que precisamos estar atentos e ainda por cima, corremos o risco de perder bons candidatos que não tem tempo para fazer uma prova, já que não fazem questão de deixar o trabalho atual ou estão em outros processos seletivos. Além disso, do nosso lado, a revisão das provas consome muito tempo, se não tivermos definido um bom cálculo de score minímo para o candidato passar para a próxima fase do processo, teremos que olhar código a código, o que consome muito tempo.
- Na entrevista técnica em si, o desafio de elaborar questões que consigam testar de fato o candidato em uma hora de entrevista também não é um desafio simples. Não dá pra contratar um dev sem ver o seu código e testar como funciona o seu raciocínio. O entrevistador, além do tempo dedicado à entrevista em si, precisa dedicar tempo na preparação dela e depois na elaboração de um laudo para que os envolvidos nas próximas etapas do processo consigam entender os motivos da aprovação ou reprovação.
- Por fim, mesmo se tivermos o melhor processo do mundo, erramos e por isso um acompanhamento de performance bom e justo é necessário.
Minha opinião sobre as equipes em um futuro breve? Qualidade, não quantidade. Times enxutos, profissionais extremamente capacitados (independente de ser nível júnior, pleno ou sênior), maioria das coisas já automatizadas e grante utilização da IA generativa como ferramenta de trabalho. Estou tentando me preparar para isso... E você?
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